Histórias de Redi são contadas por amigos

Alguém que sempre amou a vida, com múltiplos talentos e total desprendimento. Assim o cartunista Redi (Sílvio Redinger) foi definido por amigos como Chico Caruso e sua mulher, Eliane, o cantor e compositor Paulinho da Viola, a jornalista Diléa Frate, e os cartunistas Nani e Millôr Fernandes. O cartunista carioca, de 64 anos, que morreu vítima de um infarto sexta-feira, foi enterrado no início da tarde de ontem no Cemitério Israelita de Vilar dos Teles.

Segundo Luiz Redinger, irmão do cartunista, as muitas histórias contadas durante o velório amenizaram a tristeza da despedida. Uma delas foi relatada por Chico Caruso, que falou sobre a faceta musical do colega, que, morando em Nova York, sempre que podia participava dos shows humorísticos dos irmãos Caruso.

— Era um grande reforço com seu tamborim — disse Chico. — Redi fazia tudo com prazer e humor. No filme “Isso é problema seu”, fez o papel de um investidor que sai do prédio da Bolsa de Valores e sofre um ataque cardíaco. Acaba cuidando de seu próprio enterro, desce à sepultura batucando no caixão e pedindo: “Garçom, me dá uma cerveja que vou beber até viver!”.

Contemporâneo de Redi e co-diretor do curta, o também cartunista Nani completou:

— Filmamos em 1974 e Redi era um ótimo ator, mesmo não tendo prosseguido. Ele tinha um humor sofisticado, mas também era muito popular.

E Caruso acrescentou:

— Sabe a história da pessoa certa na hora e no momento certos? Redi nunca seguiu isso, era o antioportunista, não pedia nada a ninguém, mesmo com amigos importantes.

Radicado nos EUA desde os anos 80, Redi trabalhou no “New York Times”, assinando as duas únicas charges publicadas na capa do jornal desde a sua fundação. Redi conseguiu seu green card graças a uma carta do jornal americano, como lembrou seu irmão.

— Nessa carta, que foi lida no enterro por minha cunhada, eles diziam que seria muito difícil achar um americano com tantas qualidades como as daquele brasileiro — contou o irmão. — Redi tinha particularidades que faziam dele alguém muito especial. Era ambidestro, mas escrevia com a direita e desenhava com a esquerda.