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    terça-feira, janeiro 12, 2016

    Vamos é fazer muito barulho por David Bowie







    DE RICARDO SCHOTT

    Nunca fui muito de dividir a vida em anos porque sempre achei meio ridículas essas expectativas das pessoas com "ano novo". Mas com a morte de David Bowie, já fica difícil de manter a fé em 2016. Cheguei a achar que fosse hoax, até que vi que estava em todos os perfis, já estava repercutindo nos famosos, o filho dele tinha postado, etc.

    Qualquer exagero em posts sobre um cara desses, hoje, é desculpável. David Bowie representou a porta de entrada, para quem gostava de seu trabalho, de muita coisa boa. Desde grupos pré-punks do fim dos anos 60, até expressões artìsticas pouco ligadas ao universo do rock (até com mímica o cara trabalhou) e escritores que, se muita gente não leu, pelo menos ouviu o nome. Ele estabeleceu trocas das mais estranhas com uma série de artistas, dentre os quais o mais ilustre talvez seja Iggy Pop, de quem tentou tomar a persona, algumas referências musicais e até certas atitudes de palco - Bowie chegou a tentar se equilibrar nas mãos de um fã na plateia, como fazia Iggy, e esborrachou-se no chão. Em retribuição, produziu-lhe discos e turnês, acreditou nele quando ninguém mais acreditava. Coincidentemente estava lendo ontem "Open up and bleed", biografia de Iggy assinada por Paul Trynka, e lá fala que Bowie lá por 1990 afastou-se ou foi afastado por Iggy, que andava ressentido de jamais conseguir sucesso artístico sem que Bowie estivesse associado a seu nome.

    De quebra, Bowie criou uma nova visão da produção artística no pop, funcionando quase que como uma reportagem. Em vários momentos, uma reportagem do caos, mixando inúmeros fatos diferentes de seu tempo. Quem se dispuser a analisar as letras de discos como "Young americans", com seus vários assuntos unidos numa letra só, vai ter trabalho. A letra de uma música como "Life on mars?" ganha inúmeros contornos na cabeça de quem for destrinchá-la - gosto da imagem de uma pessoa solitária, projetando o caos da época na tela de um cinema vazio, e sonhando com vida em planetas distantes como se fosse o possível a ser feito. No Brasil, país em que sempre foi bastante difícil ser jovem - ainda mais nos anos 70 - essa música não encontra paralelo. Pelo menos não em riqueza de imagens.

    Hoje é luto oficial para todo mundo que tem algum apreço por cultura pop, venha ela de onde vier. Gostaria inclusive de não deparar no Facebook com nenhum comentârio "inteligente" do tipo "nossa, quantos fãs de David Bowie surgiram nas últimas 24 horas!". Que venham mais e mais. Pra mim, particularmente, foi embora o cara que me ensinou que todos podemos ser heróis, mesmo que por um dia. Entre outras coisas.

    E que não descanse em paz, vamos deixar esse clichê pra lá. Vamos é fazer muito barulho por ele hoje.

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