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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    domingo, dezembro 27, 2015

    A gente tinha uma olaria à beira do Rio Doce.

    A gente tinha uma olaria à beira do Rio Doce.

    As casas ficavam mais pra dentro da mata, mas aquilo precisava de muita água então ficava adiante, no rio.

    Eu era fascinado pela olaria.
    Primeiro, a maneira engenhosa pela qual através de declives e canais e canaletas se fisgava a água turbulenta que passava rio abaixo pra que viesse molhar o barro dentro.


    As fileiras e fileiras de formas ao sol, torrando, virando sólido, os retangulos certinhos dos tijolos, os formatos elaborados das telhas. O processo de imprimir o nome na telha ainda mole. Tirando das formas e empilhando o que depois seria parede ou cobertura. 

    O buracão de barro. Água e terra virando junção.
    O pessoal pisoteando o barro pra ficar nos conformes.


    Às vezes minha escala de trabalho era ir pra olaria. Criança, perna curta, cansava pisando o barro debaixo de sol, mas eu gostava, os pés marcando o ritmo com as canções dos adultos.. jacaré papo amarelo cai na água nada bem, eu quero falar com ela que é pra ela ser meu bem.

    Eu não tinha referências então para me imaginar num vinhedo italiano ou francês amassando uvas provençais e toscanas. Minha fantasia era dos escravos amassando barro com os pés para construirem pirâmides como eu tinha visto no filme os dez mandamentos quando fomos de caminhao pra cidade grande. 

    Hoje, mais de sessenta, tenho sonhado com a olaria. Enquanto durmo a água dos canais rola ao contrário, esguicha barro do buracão, vaza lama pra todo lado - a olaria estourou e aquilo vai tingindo o rio de vermelho-marrom, como se fosse um imenso tijolo de peixes e bichos rolando com estrondo em direção ao mar distante. 

    Acordo pisoteando a cama, os lençóis,  fotografias de casas destruídas 
     

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