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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sexta-feira, agosto 13, 2010

    Sonhos


    Na pequena aldeia de interior onde eu moro há uma noite no ano em que os pichadores saem para deixarem suas marcas nas fachadas dos casebres. Os moradores passam a noite em vigílias, sob o fogo das tochas, em frente às suas casas para impedir que os jovens se aproximem. Misteriosamente, porém, um ou outro consegue burlar uma desatenção ou se esgueirar por um dorminhoco para rabiscar suas alcunhas sobre portas e paredes.

    As marcas registradas nessa noite devem permanecer durante o resto do ano, como signos de vitoria, e seus autores são celebrados nos bares com rodadas de bebidas. Os donos das casas marcadas, por outro lado, caminham pela rua e ouvem risadinhas à socapa, comentários cochichados, e quando entram na venda não podem mais comprar a crédito.

    Embora fizesse muito frio fiquei de tocaia em frente à minha casa. Ao invés de me postar na soleira, numa roda bebendo e comendo e cantando, como fazem as grandes famílias, pensei em enganar quem viesse e me escondi nas sombras, fingindo que ali não havia ninguém.

    Já cochilava, tiritando, quando percebi um vulto todo de cinza se aproximando pelo quintal. De um salto me pus de pé e corri sobre a pessoa.

    - Vândalo! - gritei, enquanto arrancava o capuz.

    Era uma mulher, uma senhora, e de mais idade, e era alguém de fora da vila que eu nunca vira antes. Com minha surpresa conseguiu se desvencilhar de mim e começou a falar calmamente. Disse que não era uma pichadora e o que ela criava era arte. Que não queria assinar ou marcar nas casas e sim embelezá-las com desenhos fabulosos.

    Para demonstrar o que dizia pegou sua lata de spray e esguichou um riscos no chão do terreiro. Eu - e todos ali - só conheciamos o spray preto. Pois o que saiu de seu esguicho era uma tinta multicolorida, com traços de várias cores, onde a cada vez que se olhava os tons variavam.

    Ouvi os gritos de pessoas correndo na vizinhança. Virei a cabeça para ver o que era e quando olhei de novo para a mulher ela desaparecera. Ventava muito e a poeira ia cobrindo os traços no chão.

    Mas a lata de tinta spray, multicolorida, ela esquecera em pé sobre uma pedra.

    Vou esconder essa lata muito muito bem escondida. No ano que vem vou sair entre os pichadores.





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